Por que se mata em nome de Deus?


Com a aproximação dos jogos olímpicos e com os recentes atentados na França o tema do terrorismo voltou a figurar os noticiários e as conversas ultimamente. O grande "discurso" das pessoas que cometem tal atrocidades é a religião. Mas por que as pessoas dizem matar seus semelhantes em nome de Deus?
Para começo de conversa temos que entender o quão fascinados nós somos por exeplicações:

PRECISAMOS ENTENDER PARA SUPERAR.


A tendência do ser humano é procurar respostas na tentativa de evitar que novas tragédias aconteçam, ou mesmo ter algo ou alguém para apontar o dedo.

A psicanálise diz que precisamos "elaborar" as coisas, para absorvê-las melhor. No caso do terrorismo, muitas vezes se aponta pra religião Islâmica e os "vilões" do oriente médio.

Mas, de onde vem esse comportamento? Será que essa história é tão simples quanto o velho paradigma "mocinho versus bandido"? Não, claro que não é, mas eu devo dizer que tudo isso tem a ver com as histórias e a razão pelas quais elas são contadas.

A DICOTOMIA FÉ VERSUS RELIGIÃO


Bom, pra começo de conversa precisamos deixar bem claro que e religião são conceitos extremamente conectados, porém muito diferentes um do outro.

A FÉ:

A fé está necessariamente ligada a uma experiência pessoal e emocional. É tão complexa quanto sentimentos como o amor e, de fato, não pode ser ignorada como uma ferramenta psíquica extremamente poderosa e que já faz parte da vida de muitas pessoas. Como ferramenta, assim como um objeto da vida real, a fé pode causar benefícios ou malefícios, depende de quem usa e como usa.

A RELIGIÃO:





É claro que a fé ainda faz parte da religião e é uma peça fundamental da coisa. Mas religião é uma instituição assim como qualquer outra como a família, os governos, a escola e etc.

Mas a religião por sua vez tem mais a ver com política do que com a fé. 

Uma instituição é em termos simples nada mais do que um grupo, ou seja, pessoas com características e ideias em comum que se reúnem em prol de um objetivo. Só que muita gente pensa que o principal objetivo da religião é adorar/ servir a uma divindade, mas não é () isso.

A religião, apesar de ainda ser uma instituição muito forte, tem perdido o seu poder de organizar a sociedade, e por isso cada vez mais eles tentam recuperar o seu poder político, ou seja, o seu poder de  organizar a sociedade.

Não, você não entendeu errado. E se eu disser pra você que o principal objetivo da religião já foi (e ainda é) organizar a sociedade?

QUAL O PAPEL DA RELIGIÃO E DE OUTRAS TRADIÇÕES NA CIVILIZAÇÃO?


Muita gente prega aos quatro ventos por aí que a religião é o "câncer da humanidade", principalmente depois de episódios lamentáveis como os que ocorreram na França. Acontece que, se hoje temos uma sociedade organizada ou se pelo menos estamos lutando para isso, devemos muito a religião. As tradições orais criadas pelas primeiras religiões instituíram estruturas essenciais para nossa sociedade atual, como o formato de família, conceitos morais básicos e etc.

E COMO A RELIGIÃO ORGANIZA A SOCIEDADE?

Aí é que vem a polêmica: a religião organiza a sociedade através de uma das ferramentas mais poderosas já desenvolvidas pela humanidade: as histórias, ou como os publicitários estão dizendo hoje em dia, o Storytelling.

O PODER DO STORYTELLING:

A forma mais fácil de você explicar algo para uma pessoa é contando uma história. 

Para criar ordem na sociedade e justificar a privação de instintos básicos a qualquer custo, como controlar o sexo e assim instituir uma ordem nas tribos que, após descobrirem a agricultura, precisavam conviver sem matar uns aos outros, o ser humano, que já desenvolvia a fala com o auxílio de sua mais nova ferramenta cerebral: o pensamento abstrato, começou a elaborar sistemas que eram ilustrados por nada mais nada menos do que histórias.

O STORYTELLING DA MORAL


O que é mais eficaz?

Dizer a um amigo que ele não deve entrar numa floresta porque é perigoso, ou contar a ele que você conheça alguém que entrou e lá encontrou uma fera selvagem que o atacou?

A segunda opção com certeza tem muito mais chances de convencimento, ainda mais se a pessoa não tiver conhecimento sobre as coisas que realmente existem na floresta. Não estamos aqui pra discutir se essas histórias aconteceram de verdade ou foram inspiradas por divindades ou não porque assim estaríamos parando de falar de religião e falando da , mas o fato é que o poder de algumas dessas histórias é inegável. 

Algumas têm milhares anos e continuam sendo contadas até hoje e, o mais importante: elas continuam sendo o norte de muitas pessoas que se unem em grupos religiosos. O principal objetivo destas histórias é ensinar lições de moral, guiar o povo sob regras básicas e definir as características de quem faz parte deste grupo.

A tradição, ou seja, essas histórias contadas pela religião são tão poderosa porque elas são o pilar do sistema social que conhecemos hoje. 

Conceitos básicos como a estrutura familiar, a forma como devemos agir, vestir nos comportar em situações complexas como crimes e disputas foram criados pelas religiões do início da civilização. E por ser o sistema social mais básico e antigo que existe, grupos radicais de direita acabam se apropriando dessas doutrinas, mas com objetivos que muitas vezes vão até mesmo contra as filosofias pregadas 

Aliás, se você quer saber mais sobre os conceitos de "direita" e "esquerda" na política leia o artigo abaixo:

DEUS, JESUS, O PROFETA OU QUALQUER DIVINDADE NÃO TÊM NADA A VER COM O TERRORISMO!



Já se matou em nome de Jesus, de Alah, do Profeta... Mas o fato é que essas divindades e suas histórias não tem nada a ver com isso.

COMO ASSIM?

Como dito no começo desse artigo a religião e suas histórias são ferramentas usadas por pessoas.

Um martelo não foi feito para matar, mas se alguém comete um assassinato usando o mesmo a culpa é de quem o usou, e não do martelo.

Quanto mais perversa a intenção de um líder político, mais poderosa precisa ser a sua ferramenta de convencimento. Não, você não entendeu errado. Muitas pessoas que estão a frente de religiões e dizem agir em nome de um "deus" na verdade são líderes políticos e não religiosos. E como você percebeu até agora, neste momento só existe uma ferramenta linguística mais poderosa que a religião: o conhecimento.

MAS POR QUE ELES NÃO USAM O CONHECIMENTO COMO ARMA?

O conhecimento é poderoso demais, no entanto, o problema é que ele é democrático


Por isso uma ferramenta que dá poder de reflexão para as pessoas não serve para que líderes perversos executem seus planos malignos, afinal de contas, quando se têm conhecimento de verdade, ideais como conquista de poder e dominação de grupos étnicos acabam mostrando sua verdadeira face e são descartados.

ENFIM:

Nem sempre religiões são usadas por grupos radicais. Mas por serem grupos eles precisam de uma bandeira, de um ideal em comum para prosseguirem com seus objetivos.

Além disso, os indivíduos do grupo precisam de características em comum, para se identificar como membros. 

Comentários

Veja também:

Artigos populares