Futuro ministro de bolsonaro critica política de saúde mental.
Mandetta, médico futuro ministro da saúde de Bolsonaro declarou recentemente ao jornal O Globo que vai fazer questionamentos sobre a atual política de tratamento de saúde mental principalmente referente ao abuso de substâncias. Vamos bater um papo sobre isso? Segue o fio:
O deputado ainda questionou a reforma manicomial, um marco na política de saúde mental que humanizou o atendimento para pessoas com transtornos psiquiátricos que antes eram confinadas em instituições onde na maioria das vezes eram torturadas e mortas.
É interessante destacar que Mandetta, que é médico ortopedista, criticou a eficiência da política atual, mencionando o alto número de reincidências das pessoas atendidas e que vai consultar médicos e outros especialistas na área sobre o assunto.
Legal a gente ter em mente que entre 1960 e 70 somente o Hospital Colônia de Barbacena teria assassinado cerca de 60 mil pessoas supostamente com transtorno mental, além de ter vendido corpos para faculdades de medicina.
E esta era somente uma instituição desse tipo existente no Brasil no período. É sabido que nem sempre as pessoas tinham diagnóstico de transtorno. Prostitutas, moradores de rua e outras pessoas com “perfil indesejável” eram trancados sem consentimento.
É interessante ressaltar também que é fato que as pessoas com transtorno mental seja ele de qualquer natureza recebem um tratamento mais eficaz e humano quando inseridas na sociedade. E isso vale também para as pessoas que são usuárias de drogas.
Aliás, o isolamento social pode ser fator decisivo para pessoas usuárias de drogas, pois já foi comprovado que bons vínculos sociais podem ajudar essas pessoas a diminuir o vício e até mesmo a “curá-lo” (explico as aspas no fim).
A atual política de saúde mental foi pensada para dar atendimento psicossocial às pessoas acometidas por esses transtornos de forma humanizada e socialmente inclusiva e vem sofrendo com o sucateamento do SUS, o que pode tornar mais difícil de se medir sua “eficácia”.
Além de tudo, não se fala em “cura” nessa política, mas sim do cuidado. O conceito de cura em saúde mental é debatido por especialistas no mundo todo, sendo o objetivo da maioria dos tratamentos cuidar do sujeito para que ele possa ter um convívio saudável em sociedade (de uma forma grotescamente resumida).
BIBLIOGRAFIA:
- Redução da estigmatização e da discriminação das pessoas idosas com transtornos mentais: uma declaração técnica de consenso.
- A implicação da família no uso abusivo de drogas: uma revisão crítica.
- Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência
- O holocausto brasileiro e os estragos irreparáveis do silêncio
- ESQUERDA DIARIO: Ministro de Bolsonaro ataca CAPS e defende tratamento de dependentes em instituições religiosas
- FOLHA: Ortopedista, deputado do DEM será ministro da Saúde de Bolsonaro
- O GLOBO: Futuro ministro da Saúde quer mudar política para tratamento de dependentes
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