"Precisamos falar de genocídio" ou resumindo a live do Átila de 24 de mar. de 2021 - com opinião!

Foto de diversos crânios empilhados. Crédito: Pixabay.

Em live, a professora de direito da USP Deisy Ventura e o biólogo e divulgador científico Átila Iamarino falaram sobre a responsabilidade jurídica da pandemia no Brasil e levantaram um alerta importante sobre a postura do governo revelando uma estratégia sinistra por trás da postura de enfrentamento da pandemia. Esse artigo é um resumo da live, mas também possui interpretações da minha parte.

Átila que é doutor em microbiologia, também é pesquisador da área de virologia e vem ganhando destaque constantemente por seu trabalho de divulgação científica no canal do YouTube Nerdologia e também no seu próprio canal onde faz lives comentando a progressão da pandemia dentro da sua área de expertise.

Você pode conferir a live na íntegra abaixo: 


A lei de Godwin[1] é um princípio que diz que, "À medida que uma discussão online se alonga, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Adolf Hitler ou os nazistas tende a 100%". A intenção do autor ao criar esta lei era na verdade falar da banalização de conceitos sérios em discussões de internet. 

Acontece que o próprio Godwin, que é um jurista, disse no Twitter[2] que sua lei não se aplica a Bolsonaro, ou seja, para o autor, é OK fazer comparações entre o governo Bolsonaro e o regime nazista. Importante destacar que Godwin fez essa declaração antes mesmo de Bolsonaro ser eleito e da pandemia chegar ao estado que estamos vendo no Brasil.

Referenciamos Godwin porque o termo genocídio surgiu depois da segunda guerra mundial.

Na live do Átila, a jurista explica que o termo foi criado para designar a eliminação intencional e sistemática de uma camada específica da população e que foi cunhada para descrever o que aconteceu com os judeus durante a segunda guerra mundial.

É importante destacar que mesmo que o conceito tenha vindo a ser cunhado apenas depois da segunda guerra, ele passou a ser adotado para diversas matanças que aconteceram no mundo, inclusive em períodos históricos, como foi o caso dos índios no Brasil durante a colonização e que pode ser compreendida como em curso até hoje, ou da diáspora africana.

No vídeo, Átila e Deisy tomam todos os cuidados possíveis que pessoas do gabarito deles têm que tomar ao falar em público, 

mas podemos com a fala deles levantar um questionamento sobre um genocídio dos índios, negros e pobres no Brasil.

A jurista alega que grupos de pesquisadores em direito que acompanham as decisões envolvendo a pandemia executadas pelo Governo Federal e pelos estados mostram um padrão que parece ter o objetivo de evitar o combate a pandemia inclusive, por exemplo, dificultando especificamente a capacidade de povos indígenas de se cuidar. Essas decisões destacadas por Deisy envolvem em grande parte vetos executados pelo presidente.

Porém uma das coisas que mais choca é a declaração de que a estratégia oficial do Governo Federal seria a imunidade de rebanho por contaminação.

Na live, foi explicado que a imunidade de rebanho é um termo utilizado quando se há um projeto de imunização através da vacinação e que a postura do governo é uma suposta imunidade através do contágio em massa

Alguns países como o Reino Unido chegaram a adotar essa estratégia que logo foi abandonada, isso porque a estratégia de imunidade de rebanho por contágio gera mortes evitáveis e isso não é razoável.

Além disso, já foi provado que a imunidade gerada pela contaminação não é permanente e que o contágio em massa é o responsável por variantes mais letais e eficientes na contaminação.

Diante disso tudo, durante a live, começaram a expor a possibilidade de se discutir a aplicação do termo genocídio a conduta de Bolsonaro. Destacaram que a responsabilidade de reparação vai ser sempre do estado, mas que quando se refere a culpabilidade o Brasil possui dispositivos legais para se acusar um governante ou líder de genocídio, e que esta discussão precisa ser feita. 

No entanto, foi questionado a capacidade das instituições brasileiras de fazer isso nesse momento, e destacado que no caso de as instituições se tornarem por diversos motivos incapazes de combater esse governante criminoso, falar de intervenção internacional não é abrir mão da soberania nacional, mas sim se utilizar de um artifício de defesa que é previsto no direito internacional.

Genocídio dos indígenas, negros e pobres.

Na live também foi mencionado o fato de que pessoas indígenas, negras e pobres [3 e 4] morrem muito mais do que o resto da população, o que caracteriza um recorte específico e que embasaria uma possível acusação de genocídio.

Também foi destacado a importância do papel dos divulgadores científicos, e da informação durante a pandemia, já que o fator comportamental é uma variável crucial no combate a esta crise sanitária que já é a maior da história do nosso país[5].

BIBLIOGRAFIA

  1. Wikipédia. "Lei de Godwin".
  2. Folha de São Paulo. "Criador da Lei de Godwin diz que é ok chamar Bolsonaro de nazista"
  3. Faculdade de Medicina - UFMG. "Negros morrem mais pela covid-19".
  4. BBC Brasil. "Por que o coronavírus mata mais as pessoas negras e pobres no Brasil e no mundo"
  5. Portal Drauzio Varela (UOL). "Covid-19 é a maior crise sanitária e hospitalar que o Brasil já enfrentou"

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