A Maternidade Humana a luz da psicologia
Descrição da imagem: Mulher negra segurando um bebê. |
Todo mundo já ouviu falar sobre o famoso instinto materno. Mas talvez haja uma certa confusão quando falamos de um comportamento tão complexo quanto a maternagem. Porém, ao terminar de ler isso você acreditará que ser mãe é ainda mais bonito do que pensava.
A psicologia ainda discute muito sobre o que é instinto em seres humanos.
Para a psicanálise seres humanos não possuem instintos, mas sim o que Freud chamou de pulsão que é um comportamento atravessado pelo aspecto simbólico. Para as ciências comportamentais, o comportamento humano ainda é algo natural, porém de ordem mais complexa do que o que acontece em organismos mais simples.
Porém, é preciso destacar que o que forma um sujeito não é só a dimensão daquilo que é corpo, ou seja, fisiológico.
O ser humano é sobretudo uma criatura social e simbólica. Não se nasce humano, se torna humano quando aprendemos a conviver com os pares e quando aprendemos a codificar e decodificar os símbolos que nossos semelhantes criaram para se comunicar e entender o mundo a sua volta.
Não somos pessoas em nós mesmos, fechados em nossas mentes, mas dependemos da interação com o outro e com o ambiente para existir. Por isso um ser humano maduro não é apenas aquele que consegue se locomover e se alimentar sozinho como é no reino animal.
O processo de cuidado materno no reino animal a maioria das vezes passa por garantir a sobrevivência daquele organismo até que ele possa fazer isso de forma independente.
Porém quando falamos de pessoas, além do nosso processo de amadurecimento fisiológico já ser muito mais longo do que a maioria dos animais, também precisamos de um processo de amadurecimento social e simbólico.
Portanto se houvesse um instinto materno fisiológico ele seria suprimido assim que os cuidados fisiológicos não fossem mais necessários.
Mas como todos sabemos, uma pessoa só se torna independente plenamente quando consegue adquirir ferramentas simbólicas para atuar no mundo do trabalho e conviver plenamente em sociedade. Um processo que pode durar duas décadas ou mais dependendo dos recursos da família.
Então, fica claro que a maternagem é muito mais do que um instinto.
Claro que aqui não estamos falando dos casos onde o corpo da mãe é violado física ou simbolicamente por pressões sociais que agem externa e internamente obrigando a pessoa a performar este papel.
Porém quando o processo ocorre de forma consciente ele é uma escolha que esta pessoa faz diariamente, como dissemos, por até duas décadas ou mais. Quando falamos de instinto, a maioria das vezes estamos falando de um processo que acontece contra a vontade daquele sujeito, uma força que o obriga a executar um comportamento não consciente. Uma reação fisiológica e automática, algo que podemos de forma arbitrária chamar de "frio".
Uma escolha consciente porém pode conter o amor desde sua concepção. Quando consideramos ainda outras formas de família não tradicionais, e outros modos de performar o papel de mãe na sociedade, entendemos que este vínculo pode ir muito mais além da fisiologia, tornando a maternagem algo muito mais belo do que um comportamento que acontece independente da vontade do sujeito.
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