A psicologia do arrependimento

 

Descrição da imagem: pessoa caminhando em direção ao por do sol.

O arrependimento é uma experiência negativa em relação a uma decisão tomada no passado. Uma pesquisa publicada em 1995 pela American Psychology Association [1] revela que as pessoas tendem a se arrepender mais de não tomar uma decisão do que de errar ao se decidir, denotando que a inação gera mais sofrimento do que o erro. 

Outra pesquisa publicada pelo Personality and Social Psychology Bulletin [2] após pesquisas e análise de estudos pregressos alegou que tendemos a nos arrepender mais de escolhas no que tange a vida pessoal, sendo os arrependimentos mais frequentes em decisões envolvendo: educação, carreira, vida amorosa, cuidado com os filhos e lazer.

Os estudos dão a e entender que a quantidade de arrependimento é proporcional ao tamanho da oportunidade que a decisão poderia gerar, sendo que, quanto mais importante a decisão maior a chance de a gente se arrepender dela, tendo em vista que esta decisão tem o poder de afetar a nossa vida a longo prazo.

Mas por que mudamos de ideia?

É importante entender que somos seres em constante mudança, seja de forma mental ou mesmo fisiológica! 

Existe um mito de que a cada 7 anos todas as células do nosso corpo se renovam, porém, apesar disso não ser verdade, os pequenos tijolos que montam nosso corpo têm sim um ciclo de vida, que é diferente dependendo do tipo da célula, mas elas nascem e morrem dentro de nós sendo substituídas cada uma a seu tempo. Então, de certo modo, não somos mais a mesma matéria que nos compôs quando nascemos.

Portanto nossa psicologia também se transforma com o tempo. 

Nosso comportamento é moldado conforme aprendemos a reagir aos estímulos do ambiente, a medida que recebemos estímulos positivos tendemos a aumentar a frequência de um determinado comportamento. Por exemplo, se uma pessoa é elogiada quando canta, a tendência é que ela cante mais e se sinta mais confortável ao fazer isso perto de outras pessoas. 

Porém ao longo do tempo podemos receber estímulos concorrentes e até mesmo mudar nosso comportamento conforme as coisas a nossa volta vão nos estimulando. Ou seja, a cada minuto que vivemos nossa mente se transforma a medida que temos novas experiências.

Então é possível se arrepender, porque nós mudamos e somos capazes de adquirir experiências que se transformam em conhecimento que permitem reavaliar nossas ações.

Por isso precisamos fazer o e exercício de acolher as pessoas que se arrependem de seus comportamentos. 

Claro que aqui não falamos de atos hediondos ou de pessoas que oferecem risco a si mesmos e/ou a sociedade, mas por exemplo, quando alguém apoia uma ideologia política ou mesmo um líder violento e percebe que cometeu um engano, talvez seja mais saudável para a democracia e para os grupos que lutam contra essas formas de violência acolher a pessoa que se arrependeu de ter apoiado esse líder.

É preciso lutar sempre a favor da vida e da democracia, afinal de contas o direito a vida é uma das seguranças mais fundamentais que a sociedade deve proporcionar aos indivíduos que vivem nela. E precisamos nos atentar que na luta pela vida precisaremos sempre de toda ajuda disponível.

BIBLIOGRAFIA:

[1] APA: The experience of regret: What, when, and why.

[2]  Personality and Social Psychology Bulletin: What We Regret Most... and Why

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