Sankofia - e se Asimov fosse uma mulher negra?


Isaac Asimov foi definitivamente um dos maiores expoentes da ficção científica clássica. Referenciado por obras como Eu Robô, Fundação dentre muitas outras, o autor tinha um estilo de escrita onde geralmente, por meio do diálogo, o autor especulava como seria o futuro, e propunha questões filosóficas e científicas a serem resolvidas por estes personagens. Geralmente baseada nos conceitos científicos da época, a ficção científica clássica é conhecida mais por ter ênfase na especulação do que no entretenimento, que é o que a maioria das vezes, a ficção científica contemporânea faz.

A autora Lu Ain-Zaila faz exatamente isso em sua obra, especula de forma científica e ajuda o leitor a mergulhar na cultura africana.

Com um texto sóbrio com direito inclusive a referências bibliográficas, Sankofia nos traz contos que nos levam por um mundo fantástico onde se especula como seria um futuro esperançoso onde a ancestralidade é enaltecida e os arquétipos africanos englobados na sociedade. Além disso, nesse processo a autora nos introduz de forma bem pedagógica a esses conceitos.

Por conta de tanto carinho com as tradições africanas, e por esta visão mais especulativa do que focada no entretenimento, é fácil dizer que o texto de Ain-Zaila é a materialização da proposta: "e se Asimov fosse uma mulher negra?

É claro que comparar uma talentosa mulher negra com um homem branco é algo que pode levantar questionamentos, porém, como grande fã da ficção científica em seu sentido mais amplo, é satisfatório perceber tamanha qualidade num texto que aborda temas tão caros no mundo de hoje. Com coesão e exatidão na apresentação de suas ideias, Lu Ain-Zaila se torna autora de leitura obrigatória para os entusiastas do afrofuturismo e pode sim a acabar por ocupar a mesma referência que Asimov tem na ficção científica dentro do futurismo que exalta a cultura e o povo de origem africana.

Leia a obra aqui:

Créditos das imagens: Brasil 247 e Fórum Grita Baixada.

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