Apocalipse Climático

Sons de guerra pelo mundo, desastres naturais sendo anunciados incessantemente, tragédia, fome e dor nos cercam diáriamente. Estaria o mundo acabando? Ouvi um filósofo (ou alguém que grava vídeos sobre filosofia) falar que esse alarmismo sobre o fim do mundo tem a ver, de certa forma, com a nossa cultura cristã. Estaríamos esperando o fim do mundo, o fim dos tempos (não necessáriamente do mundo) que é quando retorna o Cristo. E nesse retorno ele premiaria os escolhidos, aqueles sem pecado, com a vida eterna. A nós, meros pagãos, resta o destino do lago de fogo.

Mas aqui falando um pouco sério (não muito, porque eu não pretendo posar enquanto entendido desses assuntos), parece que a o mundo está mesmo indo para algum tipo de fim. E por mundo eu queria recortar aqui a civilização ou sociedade como conhecemos, pois como já diria George Carlin "O planeta está bem, nós é que estamos fodidos". O mundo (planeta) já passou por algumas situações literalmente apocalipticas onde boa parte, senão quase toda vida no planeta foi quase que apagada da face da terra. E o planeta segue bem, obrigado. Afinal, nós estamos aqui.

Agora, você que depende de super mercado pra não passar fome, que acredita que números imaginários em uma tela vão te privar do sofrimento, bem, cara Pessoa-Que-Lê, tenho más notícias pra você. Pelo que ando vendo por aí, o que está rolando no Rio Grande do Sul é muito sério e não está acontecendo só lá. É no mundo inteiro. Os eventos climáticos estão ficando cada vez mais intensos e frequentes. Mas não, a gente continua em negação.

Outro dia peguei um Uber, foi antes do que aconteceu no Rio Grande do Sul. Eu morei boa parte da minha vida num bairro sem nenhum planejamento urbano em que as casas são alagadas frequentemente e, é claro, essa frequência aumentou nos últimos anos. Ao passar por lá o Uber me indagou: "por que essas pessoas ainda moram aqui?', dando a entender que seria algum tipo de "falta de noção", burrice ou preguiça dessas pessoas. Essa possibilidade pode existir, mas num país em que 90% dos imóveis são irregulares, será que é tão fácil assim decidir onde vamos morar?

Daí a gente pode entrar naquela discussão sobre racismo ambiental, pobreza seletiva, hierarquia social e isso é tão cansativo porque é tão óbvio... Mas o que podemos fazer para evitar esse sofrimento? O captalismo não funciona enquanto sistema social se objetivo for gerar bem estar comum e não lucro. O captalismo gera lucro e mantém o poder na mão dos poderosos, mesmo que tenhamos que nos destruir nesse processo.

O poder sem si parece ser um processo de destruição.

Então o que precisamos? Revolução? Um cavalo de pau no Titanic do mundo rumando em direção ao fatal iceberg? Não é possível dar um cavalo de pau num transatlântico. Há algo que podemos fazer? Saltar ao mar gelado não é uma opção. Talvez, salvar o pouco que nos resta. Gerenciar a crise e dividir os botes e coletes para todos e aguardar as cenas dos próximos capítulos.

"Mas ainda há esperança", já dizia o Gandalf. Mas talvez seja mesmo essa esperança dos tolos.

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