DDMF: Raul Seixas nem era tudo isso, era mais.
Se hoje eu sou um (suposto) intelectual, escritor e tudo mais devo a influência dos meus pais, pois cresci numa casa onde se incentivava o estudo, a leitura e a arte. Cresci no meio de livros, bons filmes e fitas K7 (na década de 90 os discos já não eram tão práticos). Dentre essas fitas (haviam muitas delas) haviam muitas do Raul Seixas, pois minha mãe adorava.
Esse post foi publicado originalmente na minha news letter em 14 de ago. de 2025. Quer ler os posts de "Diário da Dimensão Metafísica" em primeira mão? Clique aqui e assine gratuitamente.
Eu não fui uma criança/adolescente que conheceu o Rap de perto, mas olhando pra trás hoje percebo que as letras textuais de Seixas e Coelho contavam histórias, (essa é a comparação com o Rap e ela termina aqui), histórias sobre mundos místicos que me chamavam atenção. A primeira música que me marcou lembro de ser “Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás”, que era praticamente um conto.
Sim, na década de 90, sobretudo por conta do “Satanic Panic”, movimento cultural evangélico importado dos EUA que iniciou essa maldita febre que faz os religiosos dizerem que tudo é bom é do demônio, já diziam que as letras de Raul eram apologia ao Satanismo e que o conto sobre o cara que nasceu há 10 mil anos atrás falava do diabo em pessoa. Afinal, quem mais poderia ter presenciado tantos fatos?
Tá. É bem óbvio que as letras faziam uma série de apologias a anarquia e ao ocultismo, religião que surgiu na era vitoriana, principalmente na Europa quando gente branca descobriu que outras culturas também tinham religião e filosofias interessantes.
No entanto, com essa série biográfica chamada “Eu Sou” do Globo Play o que mais me chamou atenção era o tanto que Raul era doido, mas num sentido tóxico. Ele não era um “maluco beleza” ele era um “maluco tóxico”, inclusive pra si mesmo tendo morrido, na minha opinião, sendo vitimado pelo próprio desejo.
Olha, eu não sou nenhum puritano. Tá, pros padrões de hoje eu talvez até seja, afinal tô chegando nos “enta”, mas o cara se matou de tanto beber e usar (outras) drogas e não se cuidar (tudo isso junto). Ele afastou de si as pessoas que ousavam amar ele, mesmo sendo tão difícil estar perto. Sei lá, eu não consigo ver isso como saudável (pra mim).
Tá certo, o cara viveu a verdadeira “existência autêntica”, mas ainda assim: o maluco (beleza) morreu sozinho num quarto alugado, longe de todo mundo que ele já amou de verdade. Entendo, todos nós morremos “sozinhos” no fundo, mas nem sempre isso é triste desse jeito.
Enfim.
Achei legal que não fizeram da história de Raul um “conto de advertência contra os males do rock e das drogas”, mas mostram um tanto da vida do cara como ela foi: um cometa. Ou melhor, um disco voador. Um evento sobrenatural, inegável, impossível de desviar o olhar.
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