Resenha: O Símbolo Perdido
Parece que foi ontem que eu li “O Código Da Vince”.
O thriler disfarçado de suspense nos encarnava na pele do simbologista Robert Langdom numa caçada pelas ruas de Paris por um polêmico tesouro: o Santo Graal, que na história é uma prova polêmica sobre a verdadeira natureza de Jesus Cristo. Hoje em dia, para muitos críticos, Dan Brown é sinônimo de literatura barata, mas para muitos editores no mundo é sinal de dinheiro certo, afinal de contas o autor soube seguir a fórmula que ele mesmo criou sem sair da linha, o que gerou a marca do seu sucesso e para muitos caracterizou o grande erro de sua carreira; pois muito se alega que todos os livros deste autor são “iguais”.
Porém, muita gente diz que o que deu o sucesso a Dan Brown não foi só o seu estilo de escrita policial, mas sim os temas polêmicos que aborda. Falar de uma origem “não sagrada” de Jesus cristo lhe rende milhões até hoje, e talvez seja essa mesma formula adotada em o Símbolo Perdido, a nova aventura do simbologista Robert Langdom, que dessa vez, percorre Washington, a capital dos EUA atrás de um segredo... Digamos assim: “bem secreto”.
É a partir daí que começam as falhas no livro. Geralmente Dan Brown aborda um tema, e utiliza seus personagens como “orelhas” para nos falar sobre esse tema. No caso do código Da Vince esse tema é muito claro. Estamos falando do Santo Graal, que na obra é o elemento de uma teoria de conspiração que diz que Jesus Cristo teria sido tão humano quanto nós, e que o Santo Graal seria o corpo de Maria Madalena, esposa de Cristo.
Em o no Código Da Vince, ele consegue manter o suspense e nos revela aos poucos, vírgula por vírgula a importância do mistério do livro, e constrói esse mito através de provas ‘reais’, sejam lugares turísticos famosos, ou mensagens “subliminares” em pinturas e por aí vai. Mas o foco fica claro, quando você chega no final do livro você sabe exatamente do que todas as pistas estavam falando e o que elas querem dizer. Além disso, o grande mistério na trama do Código está clara durante o livro inteiro.
Porém, em “O Símbolo Perdido”, o mistério que dá nome a o livro não fica claro. O livro vale a pena ser lido por conta das várias explicações sobre monumentos em Washington e também por alimentar muito a imaginação de quem tem curiosidade sobre os ritos e cultura maçons, porém, o grande mistério, o foco do livro, o argumento que deveria unir a história e ser uma revelação no final é fraco e dúbio.
O vilão da história é um personagem tão mal construído que não conseguimos entender a real motivação de tudo que ele faz. Um personagem que se mostra tão poderoso e instruído ao ponto de se infiltrar numa organização como a maçonaria e é capaz de invadir instituições federais altamente bem guardadas nos surpreende com uma revelação obvia no final e um desenrolar de sua trama que chega a chocar de tão idiota.
Aliás, as sub-tramas desse livro são um verdadeiro problema.
O autor vai criando subtramas, pequenos problemas ao longo da história que deixam o leitor tenso, ávido por ver o desenrolar disso, ou as conexões dessa sub-tramas com a trama principal e o grande mistério da história. Porém, não há resolução pra essas tramas.Como eu disse antes, geralmente os livros de Dan Brown são amarrados por esse grande mistério que acaba por solucionar todas as tramas do livro no final e o que acontece é que em “o símbolo perdido” a solução para esse mistério é pífia e não sustenta o enredo do livro. Não é atoa que mesmo depois de revelada a solução da trama o autor ainda fica cerca de quatro ou cinco capítulos tentando inutilmente explicar a importância do “simbolo perdido” sem sucesso.
A impressão que fica é que este livro ou foi mal escrito, ou não foi terminado. Assim como o final de Lost, Dan Brown prova mais uma vez que um final mal construído pode estragar uma história inteira.
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