Bandido bom é bandido morto?
Nesse domingo enquanto jogava RPG com uns amigos aqui em casa demos uma parada pra assistir um video no mínimo intrigante que apareceu no Facebook. Entre aplausos dos meus amigos vimos no vídeo um homem presumidamente inocente que por motivos desconhecidos filmava seu caminho ao andar de moto quanto é abordado por uma dupla de assaltantes. Veja o vídeo:
AVISO: CONTÉM CENAS CHOCANTES!
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=WSiROq8_ccM]
Bom, é isso. Nessa cena o fato principal é o seguinte: um crime foi evitado. E muita gente têm se focado somente nesse aspecto deste vídeo. Já vi muitos comentários dizendo que o policial merecia uma medalha. Mas o video, ao menos na minha opinião, levanta perguntas que deveriam fazer pensar sobre a sociedade que vivemos... Não bater palmas.
Pra começo de conversa eu tenho que ressaltar que sou morador de uma cidade do interior do Rio. Convivemos com violência diretamente?, não. Eu trabalho como psicologo numa instituição que atende a crianças e adolescentes e convivo por sorte não com a violência, mas na maioria das vezes com os tristes resultados dela. Confesso que, mesmo não morando numa cidade não tão violenta também senti essa catarse ao ver o policial atirando no assaltante. Afinal de contas, vivemos oprimidos por esse medo da violência, pelo sentimento de insegurança que é causado pela sociedade em que vivemos. E é por isso, é só por isso que este vídeo têm causado tal catarse nas pessoas que o assistem. Mas, se você para pra pensar por dois minutos descobre que há muito mais por trás dessa cena, que é apenas uma gravação dentre várias ocorrências como essa que não são gravadas, mas acontecem todos os dias e que muitas vezes não possuem um final igual.
Não estou aqui por outro lado, como o leitor deve presumir, para colocar o assaltante no papel de vítima. Dizer que ele é apenas mais um fruto da desigualdade social e Blablabla. Ele estava errado, estava assaltando a mão armada. Colocando a vida de outra pessoa em risco, e quem sabe se não fosse atitude extremamente "cabeça fria" do assaltado, seria ele baleado no chão, e não o bandido.
Por outro lado este vídeo me levantou a questão desse incentivo a opressão violenta ao crime, as "invasões de favela" aos tiroteios desregrados que não incomodam a quem vive nos prédios. Aos Amarildos que desaparecem todos os dias. Pois muita gente bate palma para quando a polícia age com a mão pesada contra o crime, mas a inércia desse peso é que é uma coisa preocupante.
"Bandido bom é bandido morto", esse é o comentário recorrente neste este vídeo. Não tenho a informação exata, mas o que ouvi dizer é que o assaltante não teria morrido. No caso desse vídeo em específico, eu acredito que o policial não estava errado. Ficou aguardando o momento certo para agir e até onde deu pra perceber, ao menos na minha visão, não colocou ninguém mais em risco além do assaltante que, devemos ressaltar, estava armado. Não estou criticando a ação policial, não neste caso. Eu venho aqui convidar o leitor a se perguntar: será mesmo que essa filosofia de "bandido bom é bandido morto" é vantagem?
Lembrando que eu não estou criticando a atitude do policial no vídeo, mas bater palmas pra um tiroteio com vítima é algo que, se você parar pra pensar, chega a ser um tanto perverso. Ao meu ver o que aconteceu ali foi uma fatalidade. Necessária, talvez, mas uma fatalidade. Uma ação correta de um policial que evitou um crime. No entanto, muita gente vai usar essa filmagem como bandeira para incentivar o uso de violência nas abordagens policiais. Na execução indiscriminada de inúmeros Amarildos que, sem julgamento, perdem a vida apenas para alimentar com sangue a expressão "bandido bom é bandido morto".
Eu acho interessante também é que, muitas vezes as mesmas pessoas que incentivam essa coibição violenta do crime se surpreendem quando esta mesma polícia que atira antes e pergunta depois também bate antes e pergunta depois na hora de conter manifestações, ou no melhor dos casos, prende antes e pergunta depois. Será que essas pessoas que dizem de peito aberto que "bandido bom é bandido morto" não são hipócritas quando têm uma arma apontada para o rosto durante uma batida policial? Ou mesmo acabam levando uns bons safanões ao protestar "agressivamente" durante alguma manifestação?
Eu sei que vão dizer que na favela o traficante não vai dar explicação, vai dar é tiro em policial. Que, com certeza, o assaltante teria atirado se o policial do video ao invés de disparar sua arma tivesse dado voz de prisão. Mas então qual é a medida do peso dessa mão que tem que cair sobre o bandido e da mão que cai sobre o manifestante? Da que cai sobre o trabalhador que mora na favela e sobre o arruaceiro que se aproveita da situação protesto pra vandalizar? Qual a diferença entre os dois? Quem vai julgar isso? Não seria arbitrário? Não seria a MESMA MÃO?
A pergunta que fica pra mim na verdade é: como é que o policial vai saber? Na dúvida, cacete nos dois! Pois sim, é essa a solução defendida por quem diz "bandido bom é bandido morto". Mas aí depois não adianta reclamar quando o lombo que estiver na reta for o seu.
AVISO: CONTÉM CENAS CHOCANTES!
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=WSiROq8_ccM]
Bom, é isso. Nessa cena o fato principal é o seguinte: um crime foi evitado. E muita gente têm se focado somente nesse aspecto deste vídeo. Já vi muitos comentários dizendo que o policial merecia uma medalha. Mas o video, ao menos na minha opinião, levanta perguntas que deveriam fazer pensar sobre a sociedade que vivemos... Não bater palmas.
Pra começo de conversa eu tenho que ressaltar que sou morador de uma cidade do interior do Rio. Convivemos com violência diretamente?, não. Eu trabalho como psicologo numa instituição que atende a crianças e adolescentes e convivo por sorte não com a violência, mas na maioria das vezes com os tristes resultados dela. Confesso que, mesmo não morando numa cidade não tão violenta também senti essa catarse ao ver o policial atirando no assaltante. Afinal de contas, vivemos oprimidos por esse medo da violência, pelo sentimento de insegurança que é causado pela sociedade em que vivemos. E é por isso, é só por isso que este vídeo têm causado tal catarse nas pessoas que o assistem. Mas, se você para pra pensar por dois minutos descobre que há muito mais por trás dessa cena, que é apenas uma gravação dentre várias ocorrências como essa que não são gravadas, mas acontecem todos os dias e que muitas vezes não possuem um final igual.
Não estou aqui por outro lado, como o leitor deve presumir, para colocar o assaltante no papel de vítima. Dizer que ele é apenas mais um fruto da desigualdade social e Blablabla. Ele estava errado, estava assaltando a mão armada. Colocando a vida de outra pessoa em risco, e quem sabe se não fosse atitude extremamente "cabeça fria" do assaltado, seria ele baleado no chão, e não o bandido.
Por outro lado este vídeo me levantou a questão desse incentivo a opressão violenta ao crime, as "invasões de favela" aos tiroteios desregrados que não incomodam a quem vive nos prédios. Aos Amarildos que desaparecem todos os dias. Pois muita gente bate palma para quando a polícia age com a mão pesada contra o crime, mas a inércia desse peso é que é uma coisa preocupante.
"Bandido bom é bandido morto", esse é o comentário recorrente neste este vídeo. Não tenho a informação exata, mas o que ouvi dizer é que o assaltante não teria morrido. No caso desse vídeo em específico, eu acredito que o policial não estava errado. Ficou aguardando o momento certo para agir e até onde deu pra perceber, ao menos na minha visão, não colocou ninguém mais em risco além do assaltante que, devemos ressaltar, estava armado. Não estou criticando a ação policial, não neste caso. Eu venho aqui convidar o leitor a se perguntar: será mesmo que essa filosofia de "bandido bom é bandido morto" é vantagem?
Lembrando que eu não estou criticando a atitude do policial no vídeo, mas bater palmas pra um tiroteio com vítima é algo que, se você parar pra pensar, chega a ser um tanto perverso. Ao meu ver o que aconteceu ali foi uma fatalidade. Necessária, talvez, mas uma fatalidade. Uma ação correta de um policial que evitou um crime. No entanto, muita gente vai usar essa filmagem como bandeira para incentivar o uso de violência nas abordagens policiais. Na execução indiscriminada de inúmeros Amarildos que, sem julgamento, perdem a vida apenas para alimentar com sangue a expressão "bandido bom é bandido morto".
Eu acho interessante também é que, muitas vezes as mesmas pessoas que incentivam essa coibição violenta do crime se surpreendem quando esta mesma polícia que atira antes e pergunta depois também bate antes e pergunta depois na hora de conter manifestações, ou no melhor dos casos, prende antes e pergunta depois. Será que essas pessoas que dizem de peito aberto que "bandido bom é bandido morto" não são hipócritas quando têm uma arma apontada para o rosto durante uma batida policial? Ou mesmo acabam levando uns bons safanões ao protestar "agressivamente" durante alguma manifestação?
Eu sei que vão dizer que na favela o traficante não vai dar explicação, vai dar é tiro em policial. Que, com certeza, o assaltante teria atirado se o policial do video ao invés de disparar sua arma tivesse dado voz de prisão. Mas então qual é a medida do peso dessa mão que tem que cair sobre o bandido e da mão que cai sobre o manifestante? Da que cai sobre o trabalhador que mora na favela e sobre o arruaceiro que se aproveita da situação protesto pra vandalizar? Qual a diferença entre os dois? Quem vai julgar isso? Não seria arbitrário? Não seria a MESMA MÃO?
A pergunta que fica pra mim na verdade é: como é que o policial vai saber? Na dúvida, cacete nos dois! Pois sim, é essa a solução defendida por quem diz "bandido bom é bandido morto". Mas aí depois não adianta reclamar quando o lombo que estiver na reta for o seu.
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