[Resenha] Um Robocop Brasileiro

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O Robocop de Paul Verhoeven de 1987 é uma caricatura da sociedade desenhada com violência e efeitos especiais. A franquia que chegou a ter 3 filmes, derivados como desenhos animados, histórias em quadrinhos e se tornou rapidamente um sucesso comercial, provavelmente por ter chamado a atenção do publico infantil devido a estética do personagem. Porém, mesmo sendo eu um fã do filme original é necessário admitir que este sucesso pouco tem a ver com a obra, que apesar de ser uma excelente crítica social cheia de clichês bem usados e com a assinatura inconfundível de Verhoeven, é necessário admitir que o Robocop original não era um filme para o grande público.

Além disso, exceto os dois outros filmes que fizeram isso de forma bem menos impetuosa que o original, todos os outros produtos originados da franquia Robocop assassinavam o que ela tinha de bom: a crítica social e a violência bem orquestrada. O que sobrava era apenas um policial robô com um visual legal. Exatamente por isso quando me propus a assistir o Robocop do Padilha eu sabia que dois erros primordiais não seriam cometidos: o primeiro era tentar copiar o estilo de Verhoeven; o segundo era tentar criar um filme que não fosse bem recebido pelo grande público.

Neste, que é o filme de estréia de Padilha em Hollywood, o brasileiro que é responsável por nada menos que os dois Tropa de Elite fez bonito em entregar um BlockBuster exatamente do jeito que os donos da franquia esperavam. E aliás, foi um grande início, afinal de contas não é qualquer diretor que já começa sua carreira Hollywoodiana botando Gary Oldman para gritar e Samuel L. Jackson para dizer "mother fucker". Além disso, o Robocop de padilha, apesar de se parecer com um carro esportivo, consegue ter uma narrativa capaz de não insultar a nossa inteligência nem se complicar demais a ponto de arriscar se perder ou não ser compreendida pelo grande público.

Porém, este filme não se pretende enquanto um clássico, nem mesmo como um filme obrigatório aos amantes de cinema, no entanto ele se mostra um "reboot" muito melhor executado do que, por exemplo, o recente "Vingador do Futuro". Mas de uma coisa se pode ter certeza: este filme não foi feito para os fãs do original, mas sim para aqueles que foram pegos pelos derivados da franquia. Então esperamos que o filme ganhe o dinheiro que pretende para que assim os estúdios gringos tenham mais confiança em Padilha e quem sabe deixem que ele faça um filme em que ele realmente possa deixar o seu traço, não apenas seguir a formula que todo mundo já conhece, e que ele já mostrou que sabe como aplicar.

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