Precisamos falar sobre sexo


Os números relacionados a crimes de homofobia, estupros e semelhantes poderiam ser amenizados se houvesse mais educação sexual.

Isto porque, culturalmente sexo é uma coisa pecaminosa e envolta em tabus. E quando o ser humano não consegue "falar sobre algo" ele não consegue controlar seu comportamento em relação a isso.

Recentemente foi divulgado que o atirador de Orlando possuía tendencias homossexuais que, "supostamente" (bem entre aspas) poderiam "justificar" (aspas infinitas aqui) o ato tão violento causado pelo mesmo.

Esta teoria faz sentido, afinal de contas aquilo que não conseguimos elaborar nos atormenta!

Nossa cultura surgiu, basicamente, da castração simbólica (FREUD). A fundação da própria civilização se deu (dentre outros fatores) a partir do momento em que o sexo foi "controlado". No entanto, é necessário fornecer educação sexual as pessoas no sentido de que seja possível falar de comportamentos prejudiciais para a vida do sujeito e a sociedade.

Quando transformamos uma coisa tão vital para o relacionamento humano num "tabu", "pecado", ou seja, em algo "indizível" nós cortamos todas as possibilidades do sujeito lidar com aquilo.

É fato que o estupro, por exemplo, é comum entre os animais. Mas o ser humano é um ser social e evoluído capaz de realizar abstrações complexas e, supostamente, dominar seus instintos.

O que falta é a educação!

E quanto menos se falar sobre sexo, menor é a capacidade de se controlar o comportamento. E quando não há controle sobre uma energia psíquica tão poderosa quanto o desejo sexual, orquestramos o cenário perfeito para que indivíduos que necessitam de atenção ajam sem controle.

A proibição simples e banal de certos tipos de comportamento não elimina sua causa. Além disso, a punição "exemplar" de sujeitos com comportamentos agressivos ou anti-sociais (sexuais ou não) historicamente nunca diminuiu a incidência dos mesmos!

É preciso ofertar espaços para que a fala sobre o sexo tenha lugar e seja ouvida sem juízo de valor, onde ela possa ser acolhida e orientada. Isso dentro da família, das instituições e principalmente dentro da clínica!

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