A loucura é a resposta mais saudável a uma sociedade doente


É só ligar a TV na hora do noticiário para fazer um simples diagnóstico: o mundo está doente.

E quando falamos de mundo não estamos falando do planeta ou da vida, pois como diria George Carlin "o mundo está bem, nós é que estamos ferrados". Vivemos numa sociedade que rejeita provas concretas de que deveríamos pensar no futuro, cuidar de nós, do próximo e do meio ambiente e, ainda assim, mesmo com todos esses avisos, vemos a realidade ser negada em praça pública, ao-vivo e em cores por pessoas que se dizem "defensoras" da moral e dos bons costumes.

O mundo está doente?

A gente vive numa sociedade que te julga pelo que veste, pela cor da sua pele, pela sua religião ou por quem você ama e em pleno Século XXI quer impor como as pessoas deve pensar e agir.

Uma sociedade em que pessoas cristãs - e de outras religiões que defendem o amor ao próximo - agem com ódio, e fazem mal ao semelhante; onde ambientalistas - que são poucos mas existem - defendem grandes corporações que destroem o meio-ambiente chegando a negar a realidade para tal fim; onde políticos corruptos não têm nem a decência de fingir se arrepender de seus atos, e seguem de cara lavada em seus mandatos como se fossem defensores da democracia.

Logo, de certa forma, quem não se encaixa nessa sociedade está tendo uma reação natural e quem sabe até mesmo saudável.

É óbvio, mas é importante destacar aqui que transtornos psiquiátricos possuem causas biológicas e sociais e são fonte de sofrimento. Mas existe uma "loucura social", uma loucura pejorativa cujo o diagnóstico é feito por leigos usando um dedo em riste que aponta e julga o comportamento alheio além de determinar a cura sem direito a questionamentos ou segundas opiniões.

Uma loucura que parece ter por sintoma qualquer sinal de felicidade apresentado por quem é diferente de um ideal utópico que nem mesmo os que o defendem são capazes de seguir.

Diante deste verdadeiro terror que se tornou nossa sociedade não seria então saudável ser contra toda esta hipocrisia que se apresenta? Aceitar como se é, fugir desses conceitos pré-estabelecidos de forma arbitrária, querer se diferenciar e, sim, mostrar a todos que você não se encaixa nesse mundo doente não seria, portanto, saudável?

Talvez, e aqui entramos no campo da especulação filosófica, a loucura patológica seja mesmo uma resposta de uma mente saudável a doença do mundo; uma fuga de uma prisão moral feita de conceitos tortos e hipocrisia, fruto de uma sociedade que nega a natureza e consequentemente a realidade.

Eu chamaria de doentes então os adaptados, as autoridades morais e institucionais e todos aqueles que sustentam esse mundo que classifica e mata aqueles que vêem a realidade como ela é, e ainda assim acreditam que é possível ser feliz.

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