Pesquisa revela que psicólogos do sul fluminense recebem baixos salários e têm carga horária extensa


Entre Abril de 2014 e Março de 2016 eu decidi fazer uma pesquisa entre os membros de um grupo de psicólogos da região chamado de "Psicologia Sul Fluminense" do qual faço parte, cujo objetivo é, dentre outras demandas, reivindicar melhores condições de trabalho para os psicólogos da região, além de uma sub sede do Conselho Regional de Psicologia no sul fluminense, tendo em vista que a mais próxima se localiza na baixada.

A pesquisa foi realizada através da plataforma Formulários Google e conseguiu atingir 89 psicólogos da nossa região, mostrando um cenário interessante sobre as impressões que os profissionais da área têm sobre a classe no sul do estado do Rio de Janeiro.

Seguem os resultados.

1. CIDADE DOS PROFISSIONAIS:

O município predominante entre os profissionais que responderam a pesquisa foi Volta Redonda com 46% das respostas do questionário, seguido por Resende (23%) e Barra Mansa (12%), Barra do Piraí (6,7%) e Pinheiral com 3,4%. Os demais municípios apresentaram menos do que 1,1% cada.

É importante destacar que estes números se refere apenas a amostra coletada, não representando o volume de profissionais por cidade.

Importante destacar que segundo o Conselho Federal de Psicologia somente no estado do Rio de Janeiro encontram-se cadastrados 38.125 psicólogos até a data desta publicação (FONTE).

2. TEMPO DE FORMAÇÃO.

Em relação ao tempo de formação dos profissionais os resultados pareceram estar bem equiparados, tendo por baixa margem de superioridade profissionais formados há mais de 5 anos.

3. PSICÓLOGOS TRABALHANDO NA ÁREA.

Para ter certeza de que todos os profissionais que responderam o questionário não são apenas formados ou habilitados, fizemos questão de fazer esta pergunta onde foi demonstrado que a grande maioria trabalha na área (95%).

4. LOCAL DE TRABALHO.

Os profissionais que responderam ao questionário trabalham predominantemente no funcionalismo público municipal, ou seja, prefeituras (49,4%) ou em clínicas particulares de forma autônoma senão prestando serviços (50,6%).

Importante destacar que esta questão permitia a marcação de mais de uma opção sendo a porcentagem referida ao número de pessoas que responderam o questionário, e não ao número de respostas.

A tabela abaixo fornece um panorama tendo por referência o número de respostas:


Onde Trabalha?
RespostaTotalPorcentagem
Funcionalismo público [Prefeitura]4435,2%
Funcionalismo público [Estadual]21,6%
Funcionalismo público [Federal]43,2%
Iniciativa privada3024%
Autônomo4536%

5. A PSICOLOGIA COMO FONTE DE RENDA


Para 86% dos entrevistados, a psicologia é sua principal fonte de renda. Apenas 13,5% dos profissionais possuem ganhos provenientes de outras práticas.

6. OS SALÁRIOS:

Apesar da pergunta ser subjetiva, para 75% dos profissionais que responderam o questionário, o seus salários estão bem abaixo da suas expectativas. Apenas 5,6% dos profissionais encontram-se satisfeitos com o salário que recebem.

7. ÁREA DE ATUAÇÃO.

Sobre a área de atuação 59% dos profissionais atuam na área clínica, mas a segunda colocada com 47% das respostas é a psicologia social. A psicologia organizacional aparece em terceiro com 10,2%.  Profissionais que atuam na área de saúde mental aparecem com 4,5% das respostas, enquanto psicologia hospitalar e docência do ensino superior aparecem empatadas com 3,4% cada. As demais áreas figuraram menos que 1%.

8. CARGA HORÁRIA.

Pelo menos 21% dos profissionais relataram trabalhar 30h semanais, enquanto que 20% disseram fazer jornadas de até 40h de trabalho. 15% dos profissionais possuem vínculos cuja carga é 20h, enquanto que jornadas de 25h corresponderam a 13,5% das respostas.

É importante ressaltar que a psicologia é uma profissão liberal onde os profissionais costumam ter mais de um vínculo empregatício. Aliás, pesquisas comprovam que o brasileiro em geral já está tendo mais de um trabalho para sobreviver (FONTE) e podemos supor então que o profissional psi pode estar trabalhando muito mais do que 40h semanais.

9. VALORIZAÇÃO DA CLASSE.

Em questão de valorização da classe, infelizmente 85% dos psicólogos que responderam ao questionário relataram que se sentem desvalorizados. Apenas 12% consideram que os psicólogos têm o espaço que merecem na região enquanto que apenas 2,2% pensam que a classe é valorizada.

10. SINDICATO.


Destacando ainda o fato de não existir um sindicato de psicologia na região, decidimos perguntar aos profissionais o que eles pensam sobre como seria a vida dos profissionais caso houvesse tal instituição.

Segundo 80% dos entrevistados, a classe seria mais valorizada.

EM CONCLUSÃO:

É possível perceber que para os psicólogos da região que fizeram parte desta pesquisa a classe não tem o valor que merece, não recebe salários adequados e ainda trabalha de forma extensiva.

Boa parte dos profissionais são servidores públicos de municípios e trabalham na área de psicologia social, dando a entender que boa parte deles pode estar inserida no SUAS em instituições como os CRAS, CREAS e Abrigos da região.

No entanto, é importante destacar que a psicologia clínica ainda tem sido um forte ramo para os profissionais da área.

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