Por que você está insatisfeito com o seu emprego?


A cena é clássica.

É uma segunda-feira e você acorda de manhã, e após os berros irritantes do despertador. Mau-humorado, você se levanta e vai até o banheiro se preparar para ir ao trabalho, mas se olha no espelho se perguntando "o que eu estou fazendo com a minha vida"?

Isto é recorrente, principalmente se você nasceu entre 1980 e 199, a chamada geração Y. Mas por que isto acontece?

Este é um problema só da geração Y?

Na grande maioria das vezes sim. Mas é importante destacar aqui que não estamos fazendo juízo de valor sobre qual tipo de vida você deve levar e nem mesmo qual decisão tomar sobre a sua carreira. Apenas observaremos algumas questões.

É fato que esta geração foi concebida num momento de bonança onde o futuro prometia sucesso e conforto. Os jovens dessa geração foram criados para dar o passo adiante que a família não deu, e a eles foi prometido o sucesso.

Isto talvez tenha criado uma geração imediatista e ansiosa que crê no sucesso instantâneo ou, como diz a psicanálise moderna, "o prazer pleno e sem custos".

Muitas vezes, esses jovens pensam que merecem o sucesso apenas por terem nascido, pois ele lhe foi prometido, enquanto que no mundo real, a não ser que você seja um gênio, o que é estatísticamente improvável, uma carreira sólida é construída com anos de trabalho duro, e paga a custos emocionais altos.

No entanto, esta também é uma das gerações mais plásticas, pois cresceu num mundo em constante mudança.

As outras gerações podem torcer o nariz quando vêem o caso de um advogado recém formado que larga uma carreira em potencial para ser, por exemplo, ator. No entanto, por ter crescido num mundo em que as próprias bases da sociedade se transformam em períodos extremamente curtos, não parece nada surreal a ideia de um sujeito que venha a exercer mudanças radicais em sua vida.

Porém, ainda é preciso acrescentar que existe um idealismo sendo vendido pelas mídias, onde existe um gozo pleno e sem custos alcançável através da carreira.

O sujeito da Geração Y é sim plástico, no entanto, muitas vezes ele pode comprar um idealismo vendido pelas mídias de uma plenitude, um gozo alcançado através de um trabalho que só tem vantagens, isento de stress e compromissos.

Os psicólogos organizacionais alertam que, apesar de no mercado atual ser comum em muitas profissões a troca constante de empregos, é necessário tomar esta decisão de posse de informações realistas, e não apenas de um ideal etéreo.

No caso do advogado que quer ser ator, a mudança é extremamente arriscada, pois se está deixando uma carreira já consagrada por uma onde o sucesso é restrito a um grupo muito restrito de indivíduos. E é nessa hora que o sentimento que a Geração Y carrega de que o sucesso lhes foi prometido deve ficar de lado.

No entanto, é igualmente inocente acreditar que existem carreiras "garantidas" e que é "normal" se aposentar tendo tido apenas um ou dois empregos.

O sucesso corporativo clássico também se tornou um evento raro nas organizações. Ainda existem empresas que investem no funcionário e têm planos de carreira que abrangem do estágio a aposentadoria, porém estas instituições geralmente possuem vagas disputadas e apenas o fato de entrar numa delas já uma forma de sucesso.

Muitas vezes a insatisfação também se dá por falta de um objetivo claro tanto da empresa quanto do profissional.

O autoconhecimento é chave fundamental num momento de crise. O trabalhador da Geração Y pode ser um sujeito estável, desde que ele tenha um objetivo claro e que a organização para qual ele trabalha enxergue este objetivo e deixe claro para este sujeito que é possível alcançá-lo através da dedicação a esta empresa.

Mas quando o sujeito não se conhece não terá objetivo claro, e nenhuma proposta irá passar pelo seu crivo, ao mesmo tempo em que uma organização não pode ser inocente ao ponto de acreditar que um sujeito irá se satisfazer com a mesma função o resto da vida, mesmo que haja aumento de salário!

E é importante destacar que o salário nem sempre consegue prender este sujeito.

A realização pessoal é fator determinante para a Geração Y, muito mais do que o próprio salário! Muitas vezes este sujeito é capaz de trocar uma renda que lhe permite uma vida confortável para construir uma nova carreira em que existe possibilidade de realização pessoal.

Poranto, em resumo,

a insatisfação no trabalho tem sido uma frustração recorrente nos ambientes corporativos e se dá, em grande parte nos sujeitos da Geração Y, que cresceram numa economia favorável e receberam investimento afetivo e educacional de suas famílias. Mas isto os faz perseguir o sucesso de uma forma (às vezes) não realista. Porém, esta geração é uma das que mais têm a capacidade de se adaptar e inovar, valendo muitas das vezes arriscar a mudança, isto é, quando de posse de informações suficientes para esta decisão.

BIBLIOGRAFIA:



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