Discussão: Caridade é bom, mas direito é melhor!


Talvez em detrimento da crise ética, política e financeira que o nosso país passa temos visto cada vez mais governos apoiarem causas de caridade. E isso não seria ruim, a não ser que algumas outras coisas não estivessem acontecendo nesse processo. Criamos um texto no twitter para discutir sobre o assunto e eu gostaria muito de saber a sua opinião.

Agora, se você não possui conta no Twitter é só seguir o texto abaixo:

Quando realizada com a intenção certa a Caridade é um ato humanitário que deveria ser praticado por todos e não há nada de errado em querer transformar o mundo a sua volta de uma forma positiva. Mas é interessante a gente lembrar que a caridade é um ato VOLUNTÁRIO.

Precisamos lembrar ainda que atos voluntários não necessariamente são sistematizados e constantes. Afinal de contas as pessoas ajudam com o que podem e como podem e não há nada demais com isso... Exceto quando quem defende isso é o GOVERNO.

Não. Não é errado o Governo defender a caridade, antes que me atirem pedras.

O que é errado é um governo dar prioridade a instituições de caridade em detrimento a garantia de direitos constitucionais. Uma das principais funções do estado, segundo a nossa constituição é garantir direitos básicos como acesso alimentação, moradia, educação, saúde e assistência social (dentre outros).


Muitos ações praticadas por voluntários são deveres do estado. No entanto, na crise em que passamos vemos cada vez mais o estado terceiriza para a sociedade os trabalhos que envolvem assistência social. O problema é que só o estado pode oferecer assistência de forma neutra!

Isso pois, por melhor que sejam as intenções, trabalhos de caridade podem ter viés moralizado (de uma forma negativa), de viés não técnico ou até mesmo com contexto de conversão religiosa podendo ferir a subjetividade do sujeito e dificultando seu acesso a tal oferta de serviço.


Um exemplo claro dessa política são as ditas comunidades terapêuticas que têm sido cada vez mais apoiadas pelos governos, sendo que muitas delas oferecem tratamento religioso e algumas são acusadas de falta de estrutura e de cometerem crimes como tortura contra seus atendidos!

Fora que quando a assistência social é executada pelo poder público falamos de garantia de direitos com qualificação técnica e acesso UNIVERSAL sem exigir nada em troca, o que pode muitas vezes pode não acontecer na caridade.

Direitos são obrigações a serem prestadas com a população, enquanto caridade é um favor que nem sempre pode ser questionado. Por isso a caridade deve COESISTIR com os direitos, e não substituí-los!

ADENDO: Gostaria aqui de deixar bem claro que não sou contra a caridade e ações voluntárias, também não estamos criticando as religiões, nem mesmo o tratamento religioso executado dentro da lei não é alvo de críticas aqui, desde que seja feito de forma voluntária (a pessoa tem que querer tratamento religioso/espiritual) respeitando a dignidade humana, a subjetividade e a ética.

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