A pandemia vai deixar sequelas até em quem não pegou o vírus!

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Gráfico onde se pode ver o aumento dos abusos. (observa nota no meio do texto)

Não sou muito de falar da minha vida pessoal aqui, mas eu lido com psicologia social e milito sobre a psicologia preta. Portanto, minha vida se confunde muito com meu trabalho as vezes. Deixa eu contar uma coisa de hoje então.

Vocês já devem saber que eu trabalho atendendo pessoas que são vítimas de violações de direitos como violência, abuso e etc. Meu público principal são crianças e adolescentes.

Com esse papo de subnotificação, que é quando as denúncias são menores do que a quantidade de casos registrados, decidi fazer um levantamento dos meus atendimentos pra gente ter uma ideia se isso também estava rolando na minha instituição.

O que eu descobri? Dos casos que eu atendo (e eu não atendo todos os casos que passam lá) teve do ano passado pra cá um aumento de 16% na quantidade de abusos sexuais de crianças e adolescentes. (vídeo o gráfico que fiz pra vocês).

[NOTA DE 07/01/2020] Esse gráfico na verdade é sobre o aumento da proporção de casos em relação ao atendimento total em comparação ao ano anterior (linha vermelha) contra o aumento de atendimentos em relação ao ano  anterior (linha azul). 16% é a proporção em relação do total de casos atendidos em 2020.
O grande problema é que a quantidade geral de atendimentos caiu cerca de 50%. O que pra mim é um grande sinal de que casos podem estar sendo ainda mais recorrentes com toda a questão da pandemia, crianças mais tempo perto de potenciais abusadores e essas coisas.

Aí na nossa instituição há pessoas que são grupo de risco (inclusive eu) das quais essas crianças e adolescentes precisam pra que recebam o atendimento devido. Mas e aí? Como a gente faz pra sanar isso?

A questão é que o COVID19, como venho dizendo nos últimos dias, vai deixar sequela até quem não pegar o vírus, porque serviços como onde eu trabalho estão funcionando de forma precária, ou não estão sendo acessados.

Esse texto foi originalmente publicado no meu perfil do Twitter. Siga a postagem abaixo para acompanhar a discussão em tempo real:

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