Como não cair em golpes ao tentar publicar seu livro!

Descrição da imagem: Irmãos Metralha.

Esse texto é uma revisão. Artigo original publicado em 2014. Última revisão (13/09/2023)

"Ninguém vai roubar o seu livro" este é o conselho que eu geralmente costumo dar para novos escritores que têm medo até de enviar seus textos para grandes editoras avaliarem. Porém muitos se preocupam com direitos autorais e se esquecem de proteger a carteira! Descubra quem são e como pensam as editoras pilantras que são editoras geridas por ladrões literários especializados em roubar novos escritores!

QUEM SÃO AS VÍTIMAS DESSE TIPO DE GOLPE?

Com mais de10 anos no mercado editorial independente, eu costumo dizer que ninguém escreve pra gaveta. Quem produz qualquer tipo de arte quer que ela chegue até as pessoas, afinal de contas pra que serve a arte senão para transmitir sentimentos aos outros?

Portanto, existem muitas pessoas com o sonho de se tornar escritor: passar por aquele processo de enviar seu livro pra uma editora e ser selecionado. Então a editora faz todo o trabalho de revisão, de copydesk, faz um design lindo de capa e cuida do processo de impressão com a gráfica. 

É então que você vê o seu livro numa prateleira de livraria, as pessoas discutindo sobre a história e os personagens que você criou dando vida a eles!

Esse sonho costuma ser algo tão forte que os escritores frequentemente não medem esforços pra fazer com que ele aconteça, inclusive, investindo grana no processo. 

Porém, todo mundo sabe que onde tem dinheiro envolvido, vai ter algum espertinho pra tentar se aproveitar. Eu chamo esses caras de Ladrões Literários. Eles chegam com uma proposta mágica e você pensa "é agora que vou realizar meu sonho", pois as "estrelas se alinharam". 

... É então que a extorsão começa.

Já me fizeram uma proposta para publicar um eBook, mas o site da tal "editora" que era muito esquisito, por isso já fiquei desconfiado. Porém, a cereja do bolo foi que, apesar da edição ser gratuita, cobravam uma grana considerável para "criptografar" o livro. O problema é que sites como a Amazon e outros oferecem este mesmo serviço com melhor qualidade e DE GRAÇA e com muito mais alcance! Esse é apenas um dos tipos de propostas que já me fizeram. Mas não para por aí.

OS LADRÕES LITERÁRIOS:

Estes sujeitos estão dentro do mercado tentando se aproveitar de escritores que não têm muita noção de como funcionam as coisas no ramo da venda de livros. O mercado editorial brasileiro é bem cruel, e portanto muitas pessoas não conseguem penetrar nele. Então esses caras se juntam e decidem fundar o que eu chamo de Editora Pilantra.

AS EDITORAS PILANTRAS:

Quem conhece o mercado editorial brasileiro sabe que processos de seleção das editoras sérias demoram meses, ou só abrem uma vez por ano, ou apenas quando a editora decide que quer abrir. Outras editoras nem mesmo recebem originais diretamente trabalhando somente com indicação de agentes literários. 

Mas a Editoras Pilantra geralmente entra em contato com o autor nas redes sociais, envia e-mail pra você te oferecendo aquela oportunidade. Hoje em dia ela até anuncia a procura de escritores em redes sociais. Claro que há editoras pequenas sérias que estão surgindo que fazem isso, porém há um diferencial nas editoras pilantras:

Elas não ganham dinheiro vendendo livros para leitores, mas sim vendendo os livros para os próprios escritores!

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Claro que existem boas editoras que fazem o trabalho remunerado de publicação/edição para autores que querem publicar seus livros por conta própria. Mas aqui o objetivo é te ajudar a identificar quando isso não está acontecendo da forma certa

Seguem os tipos de golpes que eu já identifiquei por aí:

GOLPE 1: O FALSO AGENTE:

DESCRIÇÃO: Este ladrão literário não se dá nem o trabalho de abrir uma editora. Ele se apresenta como agente literário e promete que tem contatos com grandes editoras, te cobra uma grana absurda pra agenciar o seu livro, oferece serviços de revisão dando a desculpa de que o texto precisa ficar mais apresentável. Ah, claro, e te cobra uma nota pra isso e depois desaparece.

COMO EVITAR: Nunca contrate um agente sem antes verificar os livros que ele já ajudou a publicar e os autores que são ou já foram agenciados por esta pessoa. Peça recibo por qualquer serviço que tenha contratado.

GOLPE 2: "PUBLICAMOS SEU LIVRO, MAS VOCÊ TEM QUE COMPRAR UMA PARTE DA TIRAGEM"

DESCRIÇÃO: Essas editoras pilantras dizem que vão publicar o seu livro gratuitamente, mas que você tem que "ficar responsável" pela venda de uma parte da tiragem tendo que pagar por isso. Além de tudo, eles prometem imprimir, por exemplo, 1.500 cópias, mas você tem que ficar com 500 pagando integralmente pela produção destas. E ainda por cima não te dão garantia nenhuma de que as mil cópias restantes foram realmente impressas.

COMO EVITAR: Evite o golpe pesquisando preços de publicação e pesquisando sobre a editora na internet. Lembrando que nem toda editora que faz esse tipo de proposta é pilantra, mas é bom o autor pesquisar bem e pedir um orçamento detalhado da produção já que, as vezes, na prática muitas vezes eles imprimem apenas a parte que você pagou.

GOLPE 3: "PUBLICAMOS SEU LIVRO (QUASE) DE GRAÇA".

DESCRIÇÃO: 

Nesta versão mais elaborada do Golpe 2, as editoras dizem que vão publicar o seu livro de graça, no formato tradicional que é onde o autor não paga nada e ainda recebe pelos direitos autorais. 

Algumas chegam até a te enviar um e-mail bem formal dizendo que seu livro foi "aprovado numa seleção" e que vai ser publicado por conta da editora - as vezes até mesmo sem você ter enviado pra eles - . Mas, essa é só a isca. 

Depois que você está envolvido, já contou pra sua mãe, pra sua vó e pra sua tia que uma editora achou seu texto maravilhoso, começam a te cobrar por partes do processo de publicação que era pra ser gratuita. Por exemplo: dizem que vão ter que contratar um designer de fora do país pra fazer a capa, ou que a gráfica precisa de um depósito de garantia, ou qualquer coisa que faça você botar a mão na carteira.

COMO EVITAR: 

A primeira grande pista é que as editoras pilantras geralmente avaliam seu livro um ou dois dias no máximo, mesmo que ele tenha, por exemplo, 500 páginas. Mas aí você pode pensar ingenuamente que eles leram seu livro em tempo recorde porque ele é muito bom, mas...

Editoras só tem o costume de publicar o texto sem se preocupar muito com o conteúdo se você for famoso. Aí, nesses casos, eles até pagam alguém pra reescrever o livro ou até mesmo escrever tudo do zero e colocar seu nome. Isto porque quando você é uma pessoa famosa é muito mais fácil vender qualquer coisa. Mas, fora isso, é muito difícil um escritor iniciante, que não é uma pessoa famosa, publicar um livro.

Fora que publicar uma obra de um autor desconhecido é um verdadeiro investimento de risco para uma editora, por isso decidir publicá-lo não é uma tarefa simples e, tão pouco, uma decisão tomada por apenas uma pessoa. Por isso, se você não for um astro da TV ou alguém com centenas de milhares de seguidores nas redes sociais, estranhe se você for aprovado em tempo recorde.

BONUS: VAI PAGAR PRA PUBLICAR? NUNCA ACEITE UM ORÇAMENTO SEM PESQUISAR. Tente procurar pelo menos três orçamentos de editoras diferentes, existem muitas delas! Tente participar de fóruns e conversar com outros autores independentes. Isso vai te dar uma boa noção de quanto custa o processo.

Mas uma dica que é fatal nesses casos é que as editoras pilantras não costumam ser claras quanto os custos do processo. Não pague por nada que não tenha recibo, que não tenha especificação ou orçamento detalhado. 

Não confie em editoras que não tenham CNPJ com descrição de função de editora, que tenham sites em forma de blogs, ou sem domínio próprio, ou que não tenham seguidores nas redes sociais. Isso tudo se descobre com 5 min de Google.

CONCLUSÃO

Publicar um livro não é tarefa fácil, envolve visão de mercado, logística, boa organização administrativa e saber negociar.  Se você quiser fazer a coisa bem feita, vai ter que entender até um pouco de contabilidade! 

Geralmente, pagar uma editora te poupa MUITO deste trabalho que exige conhecimento e tempo. Porém, na minha opinião, isso tira a única vantagem que a publicação independente possui: o controle absoluto sobre todas as partes do processo de publicação.

No entanto o mercado brasileiro é muito fechado. Muitas editoras apenas publicam textos que têm vendas garantidas, isso porque a gente precisa lembrar que o mercado literário, afinal de contas, é um mercado. E se você paga boleto com o fruto de algum mercado você quer que o seu investimento seja o mais seguro possível.

Não acredito que isso justifique a postura de todas as editoras, mas há também uma falta de fomento da cultura no nosso país no sentido de incentivar nossos artistas, e as editoras não são entidades filantrópicas. 

Tá certo que isso não justifica a posição de muitas delas que na maioria das vezes são extremamente conservadoras de uma forma que prejudica até a criação de novos leitores, o que poderia beneficiar a elas próprias. Mas entender que nós vivemos num sistema capitalista pode te ajudar a desvendar muito bem como esses caras pensam e te fazer a esquivar dos golpes como um verdadeiro ninja da caneta.

Em conclusão, gostaria de deixar claro que existem muitas outras formas de fraude, até porque os ladrões literários não estão só nas editoras pilantras. Também há gráficas pilantras, sites de venda por demanda pilantras, revisores pilantras e por aí vai. Esta é apenas a minha experiência, portanto fique de olho! 

É importante lutar pelos nossos sonhos, mas não podemos deixar que eles nos ceguem! Tem muita gente pilantra por aí querendo apenas o seu dinheiro.

  • Já foi vítima ou viu algum golpe literário que eu não citei por aqui? Deixa um comentário!

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