O que é a Sociedade Ômega?

Descrição da imagem: montagem colorida na qual no centro hã uma mulher negra com pinturas tribais em seu rosto. Fonte.

Recentemente lançamos a série afrofuturista Sociedade Ômega, um universo literário que visa especular uma sociedade de alta tecnologia influenciada pela cultura afro-brasileira. Porém muitas pessoas andam se perguntando: porque "afro"? Por quê "futurismo"? Este texto é uma espécie de manifesto de criação deste mundo e visa dar o tom do que o leitor pode esperar nos textos a serem publicados na série.

Afinal de contas, o que é afrofuturismo?

Mais que um gênero literário, afrofuturismo é uma estética que exalta a cultura africana na música, na moda e também na literatura.

 A África foi descrita por muito tempo de forma pejorativa como um território selvagem. Apesar da conotação "selvagem" poder ser atribuída também  a uma conexão com a natureza, que é algo que podemos considerar positivo, a cultura eurocentrada ao longo dos séculos do processo de colonização usou esse rótulo para classificar as diversas culturas e civilizações africanas como sendo "menores" em desenvolvimento material e intelectual. 

Isso se dava como uma das muitas justificativas para a dominação e a exploração cruel dos recursos naturais e humanos deste continente extremamente rico. Por isso o movimento afrofuturista exalta referências africanas sob uma estética ultra tecnológica como forma de manifesto a esta visão preconceituosa do selvagem.

Obviamente, destacamos aqui que é falacioso ter "selvagem" como algo negativo, porque certamente as diversas civilizações africanas podem possuir tecnologias que permitem viver em equilíbrio com a natureza de forma muito mais saudável do que as ditas "civilizações modernas" que a cada dia mais condenam o mundo em que vivemos ao caos e a morte. Porém, ao subverter esse clichê preconceituoso o movimento afrofuturista quebra esses preconceitos e permite novas discussões.

Mas por que afrofuturismo?

Poucas pessoas sabem, mas o primeiro gênero que eu escrevi foi a ficção científica. Aliás, ouso dizer que a ficção científica, ou SciFi como descrevem os fãs mais vigorosos, talvez tenha me introduzido a ato de consumir literatura em si. Fui apresentado desde jovem a autores como Azimov, K. Dick, Arthur C. Clake que me fizeram aprender a especular mundos futuristas.

Porém, aqueles que acompanham minha carreira nos últimos anos sabem que eu acabei migrando para temas mais urbanos e realistas, como o universo literário de Illuminatus, onde discutimos temas sociais como política e desigualdade social num cenário bem brasileiro.

Minha experiência como psicólogo social trabalhando com políticas públicas acabou me distanciando da fantasia e me fazendo mergulhar numa realidade bem seca. Porém com o advento de governos de extrema direita pelo mundo e aqui no nosso país têm feito a literatura mais urbana ser de difícil digestão e também de difícil confecção.

Vivemos num mundo repleto de ansiedade, onde o simples fato de assistir ao noticiário pode nos tornar mais tristes. Acredito que a fantasia têm esse poder de ofertar um escapismo que proporciona o relaxamento mesmo que momentâneo através de uma dose saudável de entretenimento.

Porém, o afrofuturismo nos permite fazer as duas coisas ao mesmo tempo: ter um entretenimento que nos relaxa e que nos traga esperança, mas sem ser irresponsável. Ou seja, uma fantasia que especula com os pés no chão! Portanto, como pessoa negra que vem da periferia, vejo que escrever afrofuturismo pode ser uma oportunidade de, ao invés de tirar o leitor da realidade seca da periferia ou do cenário urbano desolador, levar a magia para dentro desses lugares!

Sobre o que fala Sociedade Ômega?

Nosso universo tem por temática principal a estética afrofuturista, porém em suas várias histórias pretendemos passear pelos mais diversos gêneros literários como o terror, a fantasia, a aventura e até mesmo a ficção científica pesada com especulações realistas.

Pretendemos fazer isso a princípio com contos isolados que serão conectados num grande romance a ser lançado no futuro. Já possuímos dois contos publicados: em O Filho do Deserto fazemos uma homenagem a esta ficção científica mais clássica de Asimov, num conto estruturado por diálogos que exploram as possibilidades de uma tecnologia; já em "O Robô Fantasma" a narrativa se estrutura mais nas histórias de aventura e exploração, com aquela pitada de ficção clássica ao brincar com o conceito de robô.

Mas, em um grande resumo, Sociedade Ômega são as histórias de uma civilização de pessoas pretas que fecundou outros mundos fazendo o processo de terraformação em planetas remotos, esse processo muda estes planetas tornando-os habitáveis. É então que esta "Sociedade Ômega" constrói nesse mundo cidades gigantescas em forma de torre ao redor da qual estas histórias se passam. 

Esta sociedade controla todos os aspectos da vida de quem mora nestas cidades: do lazer ao trabalho, o que comem e onde vão morar. Há pessoas com mutações que lhe permitem ter habilidades sobre-humanas e este sistema social permite que essas pessoas saiam dessa torre e dos domínios desse sistema social que media todas as interações humanas ao seu redor.

Em Sociedade Ômega pretendemos discutir assuntos como livre-arbítrio, consciência social e racial, apresentadas como o recheio de grande sanduíche de aventura, para que estes assuntos não sejam pesados ou indigestos para o leitor não politizado ou mesmo de forma a afastar crianças e adolescentes. A ideia não é catequizar ninguém para a luta antirracista ou antifascista, mas sim trazer um entretenimento que tenha o mínimo de responsabilidade social.

Como conhecer a Sociedade Ômega?

A forma mais básica é lendo os contos já publicados de forma exclusiva pela Amazon. Se você for assinante do Kindle Unlimited é possível ler os contos sem nenhum custo. Ou então é possível comprá-los e ler os ebooks em qualquer dispositivo através do aplicativo Kindle:

Também temos um trabalho bem consistente no YouTube onde já foram publicadas duas lives nas quais discutimos o conteúdo das histórias, e numa delas até mesmo lemos na íntegra o conto "Robô Fantasma". Você pode conferir as reprises dessas lives abaixo e ajudar o nosso trabalho curtindo os vídeos e assinando o canal!


Também participamos recentemente de uma live do Canal Invita, na TwitchTV onde batemos um papo super legal sobre psicologia, afrofuturismo e as influências de Sociedade Ômega.



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