O pensamento africano como epistemologia científica

 

Descrição: criança negra plantando uma muda. Fonte: Nappy.

Recentemente divulguei nas redes sociais um texto da revista Ângulos do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro, onde o autor Agamenon Oliveira nos relata que quando se para pra pensar nenhuma ciência é realmente exata, todas são humanas. E esse fato é tão grave que negar isso é arriscar enfraquecer a lógica do pensamento científico em si.

Interessante lembrar que como seres humanos nosso contato com a realidade é limitado. 

Já é fato que temos pouca compreensão do universo como ele é em sua essência. Nossos avanços vêm de um conjunto de especulações bem feitas obedecendo rígidos sistemas de pensamento que, apesar de engatinharem numa relação de contato verdadeiramente tangível com a realidade, nos permitiram deixar nossa pequena prisão azul, pisar na lua e enviar objetos para os confins de nosso sistema solar, o que é incrível. 

Sim, tudo que descobrimos até agora é fantástico, mas quanto mais aprendemos sobre a realidade em que vivemos, mais constatamos que  temos muito o que aprender.

É importante destacar que esses avanços foram feitos levando em conta apenas alguns sistemas de pensamento, especialmente aqueles de origem europeia.

Então, assim como há planetas, fórmulas da física e outras maravilhas a serem descobertas no universo, talvez tenhamos sistemas de pensamento avançados que possam nos ajudar a descobrir mais sobre a nossa realidade, mas que foram ignorados por conta do pensamento colonial eurocêntrico.

Há autores que dizem que boa parte do pensamento da filosofia grega sofreu forte influência do contato com pensamento Kemético (egípcio), e cada vez mais os sistemas de pensamento Bantu, a cultura Yoruba e outras da extremamente diversa África revelam tecnologias sociais milenares que talvez sejam soluções elegantes para conflitos políticos que vivemos através do mundo, e que inclusive estão colocando nossa existência nele em xeque.

E talvez estejamos arranhando apenas a superfície de sistemas de pensamentos incríveis que podem revelar tecnologias milagrosas, mas que foram ignoradas e principalmente combatidas pelo preconceito.

Debruçar-se, portanto, sobre sistemas de pensamento que divergem daquilo que é eurocêntrico é enriquecer a epistemologia científica e criar instrumentos para enxergar novos horizontes, afinal de contas raramente se descobre algo esperando obter resultados diferentes ao se aplicar velhos métodos.

A ciência é como uma planta que precisa de solo fértil para crescer. Resolver questões como o preconceito, as desigualdades sociais e a desvalorização das culturas que não se parecem com a europeia talvez seja um passo fundamental para que possamos decolar enquanto civilização.

Afinal de contas, não adianta louvar os avanços tecnológicos que temos em mãos se isso significar ver bilionários indo passear no espaço enquanto pessoas saem de suas terras originárias porque não há mais água!

Não há raça que defina a genialidade, isso é um fato científico! Ainda assim ainda agimos como se só pessoas brancas com educação europeia tivessem aptidão para descobre A psicologia já nos prova que aptidão para a ciência é algo culturalmente fomentado. Quanto mais pessoas tiverem a oportunidade de estudar com qualidade, mais aumentamos nossas chances de descobrir soluções para problemas que podem fazer que deixemos de existir em alguns séculos!

Correndo risco de ser generalista, as filosofias africanas são pensamentos em geral coletivistas, inclusivos, que pensam de forma renovável respeitando a terra como algo sagrado. Afinal de contas somos apenas sacos de carne extremamente sensíveis que dependem do ambiente a nossa volta para sobreviver.

Precisamos rever os sistemas epistemológicos que compõem a ciência moderna, precisamos expandir nossos horizontes. Afinal de contas o relógio da extinção avança a cada segundo e não há tempo a perder!

Comentários

  1. Penso que estamos disputando uma corrida com a classe alta onde eles foram colocados quilômetros a nossa frente. E os obstáculos foram deixados apenas na nossa pista. Continuemos correndo.

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