Psicoterapia sem contexto social é impossível!

Descrição da imagem: homem branco e o homem negro conversando.

Pensar subjetividade talvez seja uma das tarefas mais complexas da psicologia. Em suas diversas abordagens, há entendimentos que elencam a subjetividade como o estrutura mais importante a ser observada, como é o caso das psicoterapias que derivam das filosofias existencialistas. Há também aquelas visões que, em outro extremo, questionam o nosso livre arbítrio e até mesmo a existência da mente, como é o caso de alguns autores das linhas comportamentais. 

No entanto, mais do que nunca a psicologia vem pensando numa outra variável do comportamento/pensamento humano: o ambiente.

Mesmo na mais ortodoxa visão psicanalítica, as energias psíquicas são influenciadas por fatores externos como traumas ou até mesmo as relações humanas. Por mais que o protagonista da psicanálise seja o inconsciente, há leituras de que ele também seria construído através de processos externos que o atravessam.

Na psicologia social, o russo Lev Vygotsky vai ao extremo e nos diz que o nosso contexto sócio-histórico pode ser determinante em nossos comportamentos.

Interessante destacar que a psicologia comportamental, falando aqui de forma generalista, também considera o ambiente como uma variável extremamente importante para o comportamento do sujeito, sendo os estímulos presentes nele aquilo que evoca o comportamento.

Tendo tudo isso em vista, é importante sempre lembrar ao profissional de psicologia que mesmo na clínica privada não se pode, portanto, pensar uma psicoterapia que não considere o contexto sócio histórico daquele sujeito.

E isto é o mínimo!

Vivemos num país atravessado por diversas questões sociais e históricas. Não dá pra considerar atender uma mulher preta da periferia com o mesmo olhar que um homem branco de meia idade da classe média. 

Não estamos aqui comparando dores, mas sim contextos.

O ponto comum que segue firme na psicologia é que somente os próprios sujeitos têm autoridade para falar de suas dores e outros sentimentos. Porém, os contextos de onde essas dores emergem podem ajudar o profissional de psicologia a entender a forma como este sujeito se relaciona com as variáveis presentes em seu ambiente, e quais as melhores estratégias ou ferramentas o profissional pode usar para fazer uma intervenção independentemente da abordagem.

O discurso sintomático em si mesmo é uma fala que pode se tornar, como diria a psicanálise, um ciclo de repetição. A psicologia cognitivo comportamental também nos diz sobre nossos sistemas de crenças e comportamentos automáticos, sendo que investigar esse contexto nos ajuda a determinar os gatilhos que evocam esses comportamentos.

Cada vez mais abordagens psicoterápicas consideram os diversos contextos do sujeito, alguns profissionais chegam a ir a campo para investigar melhor o ambiente que evoca certos comportamentos, tendo em vista que há entendimentos de que o discurso da pessoa que é atendida nem sempre pode ser confiável, principalmente quando a mesma está em alguma crise. 

Sim, há mais questionamentos do que respostas no tema desse artigo, mas o que o profissional de psicologia não pode fazer é ignorá-los. Nossa missão segue sendo aprimorar nossos conhecimentos para servir melhor aqueles que nos procuram pedindo ajuda!

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