A importância dos documentos escritos na psicologia

Foto de um carimbo em preto e branco.

Certamente uma das emoções da psicóloga recém formada é a aquisição do primeiro carimbo. Talvez esse clichê nos remeta a um elitismo profissional, alimentando aquela fantasia do consultório com recepcionista, uma mesinha ou divã no centro da cidade. Porém, nosso carimbo pode ter um significado ainda mais bonito do que essa fantasia de classe média: um simbolismo ético.

Segundo a Resolução nº6 de 2019 do Conselho Federal de Psicologia, todo documento emitido por profissionais de psicologia deve conter um texto técnico, acessível para qualquer leitor e, sobretudo, sucinto, ou seja sem conter informações que não tenham a ver com seu objetivo. Ah, é claro. Esse documento deve ser finalizado com o famoso carimbo do profissional acompanhado de sua assinatura.

O MELHOR CARTÃO DE VISITAS

Num tempo onde todos os contatos são digitais, eu costumo dizer aos meus alunos que a melhor apresentação que um profissional de psicologia pode ter, fora sua própria presença, é um documento bem feito que siga as orientações do CFP e cumpra o objetivo pelo qual foi escrito.

Escrever documentos é uma arte que nesses 11 anos de prática da psicologia eu tenho tentado aperfeiçoar. Mas não é sempre que vejo tanto empenho por aí. É importante destacar que na minha relação com as políticas públicas meu principal vínculo até hoje foi com a área social e jurídica.

Muitas pessoas acabam conhecendo o meu trabalho através dos documentos que emito. E é importante que as pessoas que exercem a psicologia também lembrem disso ao confeccionar os seus. Um documento psicológico é um retrato do seu trabalho!

PRECISAMOS TAMBÉM PENSAR NESSES DOCUMENTOS COMO REGISTROS

Muita gente pensa apenas no prontuário como forma de registro, porém documentos que emitimos também contam a história daquele atendimento. Fora que documentos bem escritos podem embasar até mesmo pesquisas, e fomentar descobertas do futuro.

SOBRETUDO, UMA FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO

É interessante lembrar que essa resolução mais recente do CFP criou o relatório multidisciplinar, que é um documento que pode ser confeccionado junto a outros profissionais, claro, respeitando os limites e a autonomia técnica de cada categoria. Mas isso é uma prova de que as diversas áreas que cuidam do ser humano tendem a cada vez mais enxergá-lo como ser multidimensional, e não como uma peça anatômica exaustivamente recortada.

Além disso, nossos documentos são uma ferramenta de linguagem que serve para levar a dimensão psicológica daquele sujeito ao conhecimento dos demais profissionais que o atendem. Este saber pode ser muito importante na hora das tomadas de decisões dos profissionais das mais diversas áreas que ofertam cuidado aquela pessoa.

Portanto, escrevam! Escrevam com qualidade, e se dediquem a aprimorar seus textos técnicos! Assim estamos não só promovendo saúde, que é nossa principal objetivo, mas também reforçando a autoridade da psicologia enquanto área técnica e ética!

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