A verdade se parecendo com a ficção
![]() |
Captura de tela de texto no G1. |
Eu não tenho muitos registros das datas em que comecei a escrever ILLUMINATUS, meu romance sobre teoria de conspiração e relações de poder no Brasil e cada vez mais eu me surpreendo no quão preciso esse recorte foi em sua época. Eu sei, acabei de escrever um post sobre isso, mas acontece que semana passada aconteceu uma coincidência que não dá pra deixar de comentar aqui.
No dia 01 de maio, colocamos o livro de graça na Amazon e ficamos entre os 80 livros mais baixados de todo o site o que, é claro, me deixou muito feliz. Na semana seguinte, tivemos essa notícia de que, aparentemente, pelo que se comenta na internet, realizaram uma verdadeira "limpeza social" no centro de São Paulo nas regiões onde costumavam ficar principalmente usuários de crack e outras substâncias. Pessoas portadoras de um sofrimento que sequer podemos imaginar.
Muitos leitores então se lembraram do meu livro, afinal parte da trama fala sobre pessoas em situação de rua desaparecendo misteriosamente, tudo isso amarrado a uma teia conspiratória que serve como exemplo de que a gente não precisa dos Illuminati, de alienígenas ou demônios para que um grupo de pessoas privilegiadas controle a sociedade.
Na história, em certa altura, acompanhamos uma pessoa em situação de rua que passa por um processo muito parecido com o que estão narrando por aí. Alguém que é encaminhado para fora de seu território, a força, com a desculpa de um tratamento ou ajuda e, quando chega lá acontece outra coisa.
E aí tudo culmina no fato de que: na época em que lancei o livro a gente tinha um slogan que era "quando a realidade ficar parecida demais com a ficção, em quem você vai acreditar?".
Cracolândias, pessoas em situação de rua, tudo isso é consequência da forma como nós enquanto sociedade decidimos viver, um modo de vida que não é sustentável. E quando falamos aqui de sustentabilidade precisamos nos atentar que não estamos falando apenas de "salvar a natureza" mas sim de ser possível uma vida humana para todas as pessoas, independentemente de seus marcadores culturais, de seus sofrimentos e seja o que for.
A sociedade não é mais sustentável nem para nós que arguemos. Adoecemos tentando nos adaptar a um mundo que não foi construído para seres humanos, mas que se alimenta deles como o carvão que queima numa fornalha. Até quando vamos aceitar isso?
Comentários
Postar um comentário
Antes de comentar lembre-se que este site é público e qualquer um vai ver o que você escrever. Portanto seja educado e não revele questões pessoais que possam te comprometer!