Livros da livraria Morisaki e a literatura lo-fi do Japão
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Capa dos livros sobre a Livraria Morisaki |
Recentemente, li os dois livros da duologia da biblioteca Morisaki. São dois romances que falam sobre uma família que têm uma livraria em Tóquio num famoso bairro conhecido por ter uma rua inteira de sebos, alguns deles especializados em temas muito específicos.
Eu comecei lendo o segundo livro porque achei a capa interessante e, querendo valorizar a livraria da minha cidade, decidi comprar. A capa, que é uma ilustração ao estilo studio Ghibli (de certa forma) me chamou a atenção, e o fato de ser um livro sobre livros me pegou, pois se passa numa livraria. Conta a história de uma jovem que, após uma decepção amorosa fica desempregada e passa a morar e trabalhar na livraria que já está na família a gerações e é gerenciada por seu casal de tios.
Em 2018 eu estive no Japão e fiquei muito interessado pela literatura japonesa que, obviamente, vai muito além de mangás e histórias de samurai. No entanto, nunca tinha mergulhado nisso até porque a rotina me afastou do hábito de leitura, erro que corrigi em 2023 devido a necessidade de uma licença médica.
O Japão e seu povo são alvo de muitos mitos, principalmente aqui no Brail onde a cultura deles se permeou com muita força. Eu que passei minha infância lá posso dizer com propriedade. Fui educado com desenhos e séries japonesas, assim como toda criança que nasceu no final dos anos 80 aqui no Brasil. Mas foi em 2018, quando tive a oportunidade de visitar o país, que entendi que, como todo lugar que tem gente, o país tem seus problemas e essa idolatria pela cultura japonesa não é nada saudável.
No entanto esse ar lo-fi do país é real.
Lo-fi é um tipo de música que tenta, de alguma forma, se mostrar mais natural. Sabe aquele ruído que um disco antigo faz? Ou que uma gravação de baixa qualidade produz? Então. As músicas lo-fi são músicas que geralmente se usam de batidas hip-hop suaves para criar um som ambiente. Essas músicas não têm letra e geralmente também são acompanhadas de um som ambiente, como o som de chuva, por exemplo.
Se você pesquisar lo-fi no YouTube vai achar um monte desses vídeos com a animação de uma menina estudando com um gatinho do lado, tudo com uma vibe meio studio Ghibli que são minha trilha sonora favorita de quando estou lendo no ônibus.
Então, esses livros da Livraria Morisaki me passam muito esse clima, que é um clima que vi nas ruas do Japão. Ruas limpas, excessivamente organizadas, pessoas andando sem muito contato umas com as outras, cada uma mergulhada no seu mundinho.
Mesmo nos dias de sol, nas ruas cheias de Ginza (bairro de Tóquio) que parecem eventos de anime se ouviam apenas o som das lojas e dos carros. Sem burburinho, sem gente falando ou gritando, que é muito diferente, por exemplo do bairro Liberdade em São Paulo, que toda vez que eu vou, principalmente depois da pandemia, é um caos delicioso com gente se esbarrando e música se misturando.
A paz dos templos, das estações de trem, a comida quentinha e sempre, ao menos na minha experiência, bem feita, mesmo quando é enlatada ou instantânea. Esses livros me passam muito, mas muito mesmo essa vibe.
Portanto, quem tem essa admiração pelo Japão e quer um livro quentinho que nem um prato de lamen num dia chuvoso, só cair dentro de "Meus dias na livraria Morisaki" e "Uma noite na livraria Morisaki", que além de pegar esse clima de uma literatura "lo-fi", ainda vai ter uma aula sobre literatura Japonesa, pois, afinal, como a história fala de uma livraria é claro que eles apresentam diversos autores clássicos japoneses que podem despertar a curiosidade de vocês.
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