Paradoxos não existem.

Arte abstrata de Norman Wilfred Lewis.

Esse texto foi publicado originalmente em 18 de agosto de '25 na minha news letter no Substack. Quer ler primeiro? Se inscreva aqui.  

E vamos de filosofia, hoje (com uma pitadinha de psicanálise pra temperar).

Eu cursei psicologia e fiquei fascinado com a psicanálise durante o curso. A arte clínica desenvolvida por Freud me pegou por eu ser escritor e, na posse da palavra enquanto ferramenta de trabalho o psicanalista bebe de águas que pra mim, felizmente já eram muito familiares, como a filosofia e a sociologia. Mas principalmente a filosofia.

Eu tive bons professores de psicologia e filosofia no ensino médio e sempre fui muito curioso. Meus pais, como eu já cansei de falar por aqui, sempre me incentivaram a ler, escrever e aos estudos de modo geral. Então, eu cheguei na faculdade já municiado de uma boa formação em ciências humanas.

Daí, me apaixonei pela psicanálise enquanto instrumento clínico e forma de pensar o sujeito. Meu TCC acabou sendo sobre a “neurose e o princípio de ironia”. Nesse texto, recorri a autores como Kierkegaard pra chegar a conclusão de que a ironia não existe porque o Real é inalcançável e nós fantasiamos o sentido.

Neste caminho, no meu livro “A Palavra-Humana", essa entidade cósmica ancestral, tem o poder de realizar um “Paradoxo Imperfeito". Paradoxos são oposições lógicas circulares sem solução. Isso significa que um paradoxo imperfeito é um paradoxo por si só, porque é um paradoxo que tem solução. Ela só está deslocada no tempo.

Mas, para além da literatura, processos como o de análise fazem o sujeito entender que é possível ter desejos incongruentes, ou que sequer conhecemos o desejo em definitivo. Portanto, muitas vezes nos vemos como seres paradoxais sendo que paradoxos não existem.

O que é, é, independentemente do que achamos, do sentido que damos. O sentido atravessa nossa percepção e interação com os objetos da realidade, mas eles não mudam por causa disso. Nós sim, mudamos.

Por isso, não existem paradoxos fora da dimensão metafísica, ou fora do “mundo das ideias” como já diria Platão. Portanto, não há incongruências no nosso ser, pois todo sentido é imaginário, mesmo que ele seja construído a partir dos fragmentos que obtemos da realidade.

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